09 julho 2005

Há alguma coisa profundamente errada nisto tudo...

1) UM CERTO DIA 3 DE JULHO, NO ANO DE 2005: declarações de Alberto João Jardim, completas que se conhecem...



2) DIA 5 DE JULHO: "Parlamento da Madeira chumba voto de protesto contra declarações de Jardim"

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227544&idCanal=12



3) DIA 6 DE JULHO: "Governo da Madeira considera que houve "interpretações abusivas" das declarações de Jardim" [esta é uma verdadeira pérola]

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227647&idCanal=12



4) DIA 8 DE JULHO: "Alberto João Jardim compra produtos chineses para a campanha"

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227779&idCanal=12



5) AINDA DIA 8 DE JULHO, ALGUMAS HORAS MAIS TARDE: "Embaixador da China garante no Funchal que “assunto desagradável já passou”"

" Segundo a embaixada da República Popular da China, as afirmações de Alberto João Jardim sobre os imigrantes chineses foram "esclarecidas" pelo assessor de imprensa do presidente do governo da Madeira. Por seu turno, o vice-presidente do Governo Regional destacou a forma "simpática e cordial" como decorreu o encontro. João Cunha e Silva disse que a Madeira é "uma terra cosmopolita, hospitaleira, sendo prova disso as 56 nacionalidades diferentes que existem nas escolas da região e os diversos departamentos governamentais que trabalham na integração dos imigrantes, designadamente no ensino da língua portuguesa"." [itálico e ênfase minha]

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227821&idCanal=12



6) AINDA NO DIA 8 DE JULHO, UMA HORA E MEIA DEPOIS DA ANTERIOR: "Alberto João Jardim reafirma que não quer empresas chinesas na Madeira" / "PSD/Madeira abre guerra a Marques Mendes "*

PÚBLICO: " Embaixador chinês havia considerado hoje ultrapassada a polémica
As declarações de hoje de Alberto João Jardim aconteceram no mesmo dia em que o embaixador da China em Lisboa, Ma Enhan, garantiu, no Funchal, que o "assunto desagradável" provocado pelas polémicas declarações do presidente do governo madeirense, no domingo, sobre a comunidade chinesa na Região, estavam ultrapassadas. (...) Alberto João Jardim regressou esta tarde ao Funchal, altura em que falou com os jornalistas no aeroporto. " [itálico meu]

DN: "Quanto ao líder madeirense, veio reafirmar o que dissera anteriormente, horas depois do embaixador da República Popular da China, Ma Enhan, se reunir no Funchal com o vice-presidente do governo, Cunha e Silva (ambos admitiram que os problemas estariam sanados)." [ênfase minha]

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1227832&idCanal=21
http://dn.sapo.pt/2005/07/09/nacional/psdmadeira_abre_guerra_a_marques_men.html


comentário:

Não era o Jardim que acusava os políticos do contenente de fazerem jogo sujo e opaco e que "a 3ª República está podre"? Fazer umas declarações daquelas a 24-48 horas de o Embaixador da China em Portugal estar de visita à Madeira para uma reunião de trabalho? Achou ele que tinha de "intimidar o chinês" de uma maneira dessas para "mostrar-lhe como é que é" e para fogo de vista populista? Pedir-lhe desculpa a seguir, que deve ter sido o que aconteceu, enviando o vice-presidente do executivo regional para lhe limpar o vómito 'diplomático' (já estou a imaginar a conversa entre o vice-presidente e o embaixador: "desculpe, é o meu amigo, às vezes bebe demais e põe-se a dizer coisas malandras dessas mas ele não tem nada contra a vossa raça...")? E REPETIR A FAÇANHA APÓS O EMBAIXADOR TER PARTIDO E O ASSUNTO ESTAR 'RESOLVIDO' para mostrar que não tem "medo de ninguém", provavelmente?

A filha-da-putice não tem limites? Isto não se trata de grunhice, porque ele sabe muito bem o que diz, não é nenhum parvo.


ps: * - pode ser este o princípio do fim do Jardim... vejam, uma coisa é a pose-pavão teatral de se afirmar contra o contenente e não-sei-que-mais. Outra é abrir uma guerra de "contras" à liderança do partido. Apesar de o Marques Mendes não ter todo o poder na mão, parece-me que é uma batalha que ele levaria até ao fim (se os ânimos não acalmarem até lá..) e até às últimas consequências. Mas, por outro lado, o Jardim tem mais vidas do que um gato, por isso poderia ser que talvez quem saísse queimado do confronto ainda acabasse por ser o Mendes. Enfim, com o Jardim a ironia da tragédia humana pode atingir níveis antes imprevistos.

Isso fez-me relembrar um sonho molhado que tenho estado a ter: Jardim como Secretário-Geral da ONU. Gets you hard, too - doesn't it?


Jardim a receber uma qualquer honoris causa